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Saiba como otimizar os resultados do home office na pandemia

Entrevistado: Carlos Guilherme – Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da MAPA


O home office é um caminho sem volta — 74% das empresas já pretendem manter esse regime de trabalho após a pandemia do novo coronavírus. Essa organização corporativa flexibiliza a relação entre o colaborador e o próprio ambiente profissional e, apesar de não ser uma novidade, só agora alguns negócios experimentaram a metodologia.

Contudo, é importante saber liderar adequadamente a implementação do home office, principalmente em meio à crise da COVID-19. A ideia é aproveitar ao máHOME ximo o modelo de trabalho e evitar determinados problemas, garantindo resultados tão bons quanto antes.

Por isso, conversamos com Carlos Guilherme Maciel Furtado Schlottfeldt, psicólogo e coordenador da MAPA. Ele nos explicou as maiores características do trabalho em home office e como é possível desenvolver um ambiente saudável e produtivo, que promova também a saúde mental dos funcionários. Continue a leitura e confira!

As características do trabalho home office

O home office é uma metodologia de trabalho com base tecnológica. Por isso, é visto na maioria das vezes como um privilégio, já que essa modalidade tende a ser ofertada ao redor do mundo em empresas capacitadas e com profissionais que demonstram qualificação e habilidades necessárias.

No Brasil, segundo Carlos Guilherme, também se nota esse mesmo privilégio, mas temos uma considerável parte da população que exerce trabalhos não enquadrados na categoria de trabalho remoto — como serviços informais, vendas etc. “Assim, quando falamos em trabalho home office, estamos evidenciando uma parcela pequena da nossa sociedade”, aponta.

Apesar disso, temos visto uma crescente mudança no panorama atual, devido às adaptações necessárias para o combate ao coronavírus. As empresas que já realizavam home office intensificaram seu uso, ao passo que outras adotaram o modelo pela primeira vez. Até mesmo pequenos negócios foram obrigados a aderir à transformação digital, migrando para formatos de delivery e e-commerce, por exemplo.

Os cuidados essenciais com os colaboradores no home office

Ainda que esse tipo de trabalho tenha várias vantagens, como a redução de custos e a otimização do tempo, ainda é preciso considerar alguns aspectos preocupantes. Um deles é a preservação do ambiente empresarial saudável, ainda que ele esteja “espalhado” por aí, com cada colaborador trabalhando de um local diferente.

Ambientes tóxicos

O psicólogo Schlottfeldt alerta para níveis diferentes de ambientes tóxicos. Por exemplo, eles podem ser tanto de relações interpessoais conturbadas quanto de espaços físicos inapropriados por falta de equipamentos e suporte da própria empresa.

Quando a organização não disponibiliza tecnologias e informações necessárias para que o trabalho seja realizado, o colaborador tem o risco de desenvolver sérios problemas, prejudicando até mesmo a sua saúde mental.

Outro ponto importante é a hierarquia e o planejamento: “como se dá a exigência e a investigação da produtividade? Quais são as regras formais que permeiam essa organização? Será que elas são contraditórias com aquilo que é exigido do próprio trabalho?”, questiona Carlos Guilherme.

Ainda é possível identificar outras variáveis subjetivas, que dizem respeito às interações remotas entre colaboradores. Elas estão sendo realizadas corretamente? Como os integrantes da equipe estão se comunicando e se comportando uns com os outros durante o home office? Há algum vestígio de atitude tóxica por parte de líderes, funcionários e até mesmo clientes?

“Esse comportamento tóxico individual também reflete na própria cultura da organização”, alerta Schlottfeldt. Afinal, uma empresa pode se preocupar apenas com a produtividade do colaborador, mas negligenciar esse cuidado com seu comportamento interpessoal — que não deixa de ser fundamental no ambiente de trabalho remoto.

Para termos uma noção, Carlos trouxe algumas informações obtidas em levantamento feito pela MAPA em 2019, com cerca de 2 mil trabalhadores, os quais 40% ocupavam um cargo de liderança. Em relação ao próprio perfil comportamental:

  • 4,2% relataram apresentar hostilidade muito acima da média dentro do seu ambiente de trabalho;
  • 8,5% disseram ter níveis extremos de irritabilidade, impaciência e intolerância com as diferenças;
  • 11,7% dessas pessoas faziam uso de dissimulação, ou seja, utilizavam estratégias para enganar os demais.

Relação interpessoal e flexibilidade de horários

A falta de interação interpessoal também faz com que o trabalho remoto traga contratempos. Por isso, vale lembrar que ele não é completamente distinto do regime tradicional, uma vez que todos os processos se mantêm, apenas utilizando recursos digitais — e-mails, videoconferências, ligações e outras estratégias de interação remota.

O indivíduo, contudo, continua sendo o mesmo. Ele deve se portar profissionalmente e usar a flexibilidade do home office de forma positiva, otimizando sua produtividade sem deixar de lado sua vida pessoal e saúde mental.

Isso não só afeta os processos do negócio: “essa agenda flexível é ótima, mas pode vir acompanhada de uma expectativa por parte da empresa de que esse colaborador esteja disponível em horas específicas do dia ou em dias da semana que não foram combinados anteriormente”, salienta Schlottfeldt.

Falta de supervisão direta

O colaborador deve ficar atento à sua conduta profissional, mesmo fora das dependências físicas da empresa. Carlos Guilherme pontua que a falta de supervisão direta tende a “tornar os funcionários mais suscetíveis a engajar em atividades não relacionadas ao trabalho ou mesmo incompatíveis com ele”.

Assim, o ideal é que a organização realize treinamentos de melhores práticas — como eleger um ambiente calmo para trabalhar, evitar distrações, como celular ou televisão, ter metas diárias e semanais, entre outros. Isso é essencial, principalmente agora, em que o home office foi instituído “às pressas”, sem muito planejamento, devido ao coronavírus.

A saúde mental dos colaboradores

Será que o colaborador dispõe de um espaço em que possa se concentrar exclusivamente nesse ambiente, sem distrações? A rotina de trabalho acontece sem interrupções de familiares, filhos etc.? A empresa deve ter esse conhecimento, pois pode cobrar de um trabalhador um resultado que ele não consegue alcançar por falta de recursos físicos — e até mesmo psicológicos.

Carlos Guilherme ainda lembra que, no Brasil, existe uma desigualdade de gênero nas relações domésticas. Muitas mulheres tiveram de unir todas as suas frentes de trabalho em um único lugar (em casa), e isso compromete não só sua produtividade, mas sua saúde mental.

Assim, para que a execução do trabalho em home office seja a melhor possível, vale adotar algumas medidas, como:

  • ter uma estrutura organizacional com regras claras desse funcionamento remoto;
  • contar com um sistema de supervisão próximo e compreensivo com seus trabalhadores;
  • garantir a presença de tecnologias adequadas à realização do trabalho;
  • mitigar a ausência de contato interpessoal por meio de estratégias, como o uso de videoconferências;
  • ter sensibilidade em perceber problemas e tomar decisões para contorná-los.

A manutenção do clima organizacional durante o home office

Para que a empresa continue com o seu clima organizacional forte e saudável, mesmo sem o espaço físico reunindo seus colaboradores, é interessante redirecionar as demandas e ações. A ideia, na verdade, é cuidar da saúde mental da equipe, de modo que isso reflita positivamente no clima empresarial.

Uma possibilidade é monitorar de forma objetiva a percepção dos trabalhadores sobre a própria saúde emocional, de maneira contínua. Outro jeito é dispor de um sistema organizacional que possa acolher as diferentes demandas que venham a surgir.

Schlottfeldt ainda sugere a promoção de uma rede de apoio mútuo entre os próprios colaboradores, fortalecendo comunidades com laços que vão além do profissional. “As organizações hoje se mostram mais unidas frente ao momento de crise, utilizando esse sentimento de união para fortalecer os vínculos”, cita.

Não se pode deixar também de valorizar o trabalho executado pelos membros da equipe, principalmente se esse reconhecimento vem de uma liderança participativa, que desenhe claramente as expectativas, possibilidades e acompanhamento do desempenho dos colaboradores.

Por fim, quando o assunto é home office, diante de tudo o que foi apresentado até aqui, a empresa deve oferecer apoio psicológico profissional àqueles que demandarem esse tipo de suporte. Também vale a pena investir em testes psicológicos que ajudem a mapear a realidade organizacional, tomando, assim, as melhores medidas.

O assunto, contudo, não precisa acabar aqui. Continue no blog e confira agora os desafios do home office: como manter a produtividade conciliando casa e trabalho?

Equipe MAPA

Acreditamos que, por meio de uma metodologia completa e de um diagnóstico organizacional profundo, podemos construir uma base de informações sólida para empresas entenderem seus colaboradores. E, assim, serem mais assertivas em seus processos de RH. Somos especialistas em: -> Teste de Personalidade -> Teste para Liderança -> Teste de Cultura -> Segurança e Prevenção de Acidentes -> Saúde Emocional -> Área operacional

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